Estima-se que, anualmente, cerca de 119 mil bebês nasçam com Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) no mundo, conforme dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA. Uma doença grave, mas totalmente evitável, desde que a gestante não consuma bebida alcoólica.
O álcool consumido na gravidez atravessa a placenta e atinge a corrente sanguínea do feto. O organismo do feto – ainda em formação – não consegue metabolizar essa substância, que permanece no seu sangue por tempo prolongado, até que seja eliminada pela circulação materna. Como consequência, pode haver prejuízo ao desenvolvimento do feto, causando desde disfunções menos severas até a SAF, além de risco de aborto espontâneo, prematuridade, baixo peso ao nascer e asfixia neonatal.
Portanto, no Dia Mundial de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal – 9 de setembro – vamos falar um pouco mais sobre esse assunto.
O que é a SAF?
O álcool ingerido pela gestante pode lesar o feto em diferentes graus de intensidade, constituindo o chamado “espectro de alterações fetais devidas ao álcool” (FASD, da sigla em inglês Fetal Alcohol Spectrum Disorders), que vão de alterações mais específicas, como transtornos do neurodesenvolvimento ou defeitos congênitos, até a forma mais grave, que é a SAF.
O tipo e a gravidade dos prejuízos induzidos pelo álcool dependem de 3 principais fatores:
- Quantidade de bebida alcoólica consumida;
- Frequência do consumo de álcool;
- O estágio de desenvolvimento do embrião/feto no momento da exposição.
Outros fatores também podem influenciar a extensão dos efeitos da exposição pré-natal ao álcool, como aspectos individuais maternos (composição corporal, idade, se é fumante e estado de saúde), genéticos (tanto da gestante como do feto) e ambientais (exposição da gestante à ambientes estressantes ou condição de adversidade social).
A SAF constitui um complexo quadro clínico de manifestações diversas capazes de causar alterações físicas e efeitos comportamentais sobre o feto e o recém-nascido, sendo a causa mais frequente de deficiência intelectual não congênita.
Entre as diversas características da síndrome, constam:
- Anormalidades faciais;
- Hiperatividade;
- Dificuldade de aprendizado, linguagem e memorização;
- Problemas comportamentais;
- Complicações renais, esqueléticas e cardíacas.
Prevenção e tratamento
Não existe cura para a SAF, mas ela é totalmente prevenível. Além disso, o reconhecimento precoce das ações do álcool no bebê ou na criança permite a possibilidade de reabilitação e melhora do prognóstico.
O tratamento das crianças afetadas pela síndrome é baseado em intervenções que envolvam diferentes aspectos afetados pela síndrome. As intervenções não medicamentosas incluem reabilitação, educação especial e suporte social, o que é efetivado por meio de uma equipe multidisciplinar, composta por pediatras, psicólogos, psiquiatras e equipes de saúde treinadas, aliados a professores que conheçam esse problema.
O tratamento medicamentoso é meramente sintomático e dirigido principalmente às manifestações do déficit de atenção e hiperatividade.
A SAF é 100% atribuída ao álcool, bastando evitar totalmente a ingestão de bebidas alcoólicas durante a gestação, ou ao tentar engravidar, para preveni-la. Além disso, mulheres que estejam grávidas e por algum motivo consumiram álcool, devem interromper totalmente o uso o quanto antes a fim de minimizar os riscos.
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Dra. Kamilla Sales Barbosa de Carvalho
CRMTO 3432 | RQE 1837