Você sabe a diferença entre alergia à proteína do leite de vaca e intolerância à lactose?
31/05/2022
Criança bebendo leite

É comum confundir os dois, mas são coisas totalmente diferentes. Apesar de ambas serem causadas pelo consumo de leite, a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e a intolerância à lactose possuem características, sintomas e tratamentos distintos.

O assunto é importante e os termos não podem ser confundidos, por isso, você papai, mamãe ou responsável deve ficar atento às seguintes informações:

ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV)

É uma reação imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de uma porção, por menor que seja, de leite ou derivados. A mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório.

É especialmente durante o primeiro ano de vida que os sintomas da alergia à proteína do leite de vaca (APLV) se manifestam com mais frequência. 

Sintomas

Os sintomas da APLV após o consumo do leite de vaca variam de acordo com o tipo de reação do sistema imunológico, podendo surgir imediatamente após, ou até uma semana depois da ingestão ou do contato com o leite.

1. Sintomas de reações imediatas:

Eles acontecem após poucos minutos ou, no máximo até 2 horas depois da ingestão ou o contato da pele com o leite de vaca e incluem:

  • Vermelhidão, inflamação e coceira na pele;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia;
  • Dor abdominal;
  • Tosse ou chiado no peito;
  • Coriza e nariz entupido;
  • Coceira nos olhos e lacrimejamento.

Além disso, em casos mais graves também podem surgir sintomas como, dificuldade para respirar, falta de ar e sensação de desconforto na garganta, que é uma situação conhecida como choque anafilático, devendo ser imediatamente tratada para evitar mais complicações. 

2. Sintomas de reações tardias

Podem surgir depois de horas ou dias após a ingestão ou contato da pele com o leite de vaca, causando os seguintes sinais:

  • Fezes com presença de sangue;
  • Refluxo;
  • Prisão de ventre;
  • Inflamação no esôfago;
  • Anemia;
  • Inflamação no intestino;
  • Inflamação nos pulmões;
  • Diarreia.

Além disso, outros sinais, como a irritabilidade, a diminuição do apetite e a diminuição do crescimento também podem surgir na reação tardia à APLV.

Tratamento

O tratamento da alergia à proteína do leite de vaca consiste na restrição absoluta de leite e derivados pela criança e isso também pode significar a restrição total também pela mãe, devido à amamentação.

O único tratamento comprovadamente eficaz para a APLV é a dieta isenta das proteínas do leite, pois ao deixar de consumir o alimento que causa a alergia o sistema de defesa da criança não irá produzir as células e anticorpos responsáveis pela reação alérgica, possibilitando a remissão dos sintomas e o consumo de lácteos no futuro, na maior parte dos casos, a partir dos 3 anos de idade. 

O bebê pode ter alergia ao leite da mãe?

Não. Os bebês que são alimentados exclusivamente com leite materno também podem apresentar sintomas de APLV, pois parte da proteína do leite de vaca consumido pela mãe passa para o leite materno, causando alergia no bebê. Nestes casos, a mãe é orientada a excluir os produtos com leite de vaca e derivados da dieta. Não é necessário que a mãe deixe de amamentar o seu bebê.

INTOLERÂNCIA À LACTOSE

É a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite). O problema é resultado da deficiência ou ausência de uma enzima intestinal chamada lactase. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção.

Causas

– deficiência congênita da enzima (raro): a criança nasce com um defeito genético que impossibilita a produção da lactase;

– diminuição na produção da lactase em consequência de doenças intestinais (diarreia persistente, verminose, doença celíaca);

– deficiência primária: ocorre diminuição da produção da lactase como consequência do envelhecimento. Esse fato é mais evidente em algumas raças como a negra (até 80% dos adultos têm deficiência) e menos comum em outras, como a branca (20% dos adultos).

Sintomas

Os mais comuns são:

– Náusea;

– Dores abdominais;

– Diarreia ácida e abundante;

– Gases e desconforto.

A severidade dos sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de lactose que cada pessoa pode tolerar. Em muitos casos pode ocorrer somente dor e/ou distensão abdominal, sem diarreia. Os sintomas podem levar de alguns minutos até muitas horas para aparecer. 

A peristaltase, ou seja, o movimento muscular que empurra o alimento ao longo do estômago pode influenciar o tempo para o aparecimento dos sintomas. Apesar de os problemas não serem perigosos eles podem ser bastante desconfortáveis.

Tratamento

Consiste na restrição de lactose. Existem medicamentos que têm a enzima lactase que pode ser usada antes de consumir algum produto com lactose. Converse com seu médico para fazer um diagnóstico preciso e o tratamento adequado. 

Dependendo do grau de apresentação da intolerância, pode-se optar pelo consumo de lácteos sem lactose, amplamente disponíveis atualmente, pela suplementação de lactase ou pela ingestão diária de pequenas quantidades de lácteos nos pacientes parcialmente tolerantes.

Em algumas crianças, por exemplo, nos casos de intolerância secundária após uma infecção intestinal, os quadros de intolerância podem ser transitórios, permitindo que o paciente volte a consumir lácteos após o final dos sintomas.

ATENÇÃO: Tanto a intolerância quanto a APLV devem ser diagnosticadas por meio de história clínica bem elaborada e testes laboratoriais, solicitados pelo médico. Portanto, procure um pediatra.

Dra. Greice de Cássia Souza Oliveira

Gastropediatra

CRMTO 842 | RQE 536