Traqueostomia em crianças: conscientização e esclarecimento sobre os cuidados necessários
18/02/2022
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A traqueostomia tornou-se um procedimento valioso em crianças com problemas respiratórios graves, comprometimento ou obstrução das vias aéreas superiores. 

E é devido a essa importância que a Lei Federal 14.249, de 25 de novembro de 2021, instituiu o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada em 18 de fevereiro, como forma de conscientização e de esclarecimento sobre os cuidados necessários às crianças traqueostomizadas.

Esse procedimento cirúrgico que, através da colocação de uma cânula na traqueia, estabelece uma via para manter a respiração adequada, é agora, frequentemente, realizada em crianças que apresentam anomalias das vias aéreas superiores e em crianças que necessitam de ventilação mecânica prolongada devido a quadros de insuficiência respiratória.

Nos últimos anos, houve um aumento do número de crianças sobreviventes com necessidades médicas complexas para as quais a traqueostomia ou a ventilação domiciliar faz parte do manejo da doença crônica.

A traqueostomia também é realizada com mais frequência em crianças com condições crônicas, incluindo comprometimento neurológico e doenças cardíacas e pulmonares congênitas.

Para que serve a traqueostomia?

Para permitir a passagem de ar para os pulmões, ocorrendo a respiração. Pode estar ou não acoplada a um aparelho de ventilação mecânica.

Quais são as situações que mais levam a uma traqueostomia?

– Obstrução de vias aéreas superiores por malformações craniofaciais: doenças com obstrução nasal ou na garganta, que podem ser de causa genética;

– A intubação orotraqueal prolongada: é a respiração através de uma cânula na traqueia, conectada a um aparelho conhecido como “respirador”;

– Hipoventilação associada a doenças neurológicas: é a incapacidade de realizar uma respiração normal eficaz, devido perda do controle cerebral da respiração;

– Estenose laringo-traqueal: é o fechamento da via respiratória que impede a respiração normal pelo nariz.

Quando se deve realizar a traqueostomia em uma criança?

A decisão de fazer a traqueostomia depende do quadro clínico de cada paciente, sendo feita após avaliação criteriosa de equipe multidisciplinar (pediatra, intensivista, pneumologista, cirurgião pediátrico, fisioterapeuta, psicólogo, enfermeiro, além da família).

Cuidados de higiene com a traqueostomia

A pele local deve ser limpa com soro fisiológico três vezes ao dia, ou sempre que necessário. Se a pele estiver com sinais de inflamação (avermelhada, inchada, dolorida ou com secreção) o pediatra deverá ser consultado. A aspiração deve ser feita com técnica apropriada, por pessoal previamente treinado.

A criança com traqueostomia vai falar/comer?

A comunicação e a alimentação são aspectos importantes na criança com traqueostomia, sendo uma das principais atenções da equipe multidisciplinar, em especial do fonoaudiólogo e nutricionista. A criança com traqueostomia poderá conseguir falar e se alimentar por boca.

A traqueostomia é definitiva?

Depende de cada situação. A maioria das traqueostomias poderá ser removida, uma vez que a doença de base tenha sido corrigida, ou que haja melhora clínica, após um período de treinamento e regressão do tamanho da cânula. Quando a doença de base não puder ser atenuada ou corrigida, a traqueostomia deverá ser definitiva.

Dra. Andrea Silva do Amaral

Pediatra | Pneumologista

CRM 1575 | RQE 684