Faz parte do desenvolvimento saudável de toda criança brincar, correr, pular. No entanto, algumas vezes uma brincadeira pode se tornar um acidente grave que pode levar à deficiência e até à morte.
A Organização Não Governamental – ONG, Criança Segura Brasil, aponta que acidentes são a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no país. Por ano, mais de 3.300 meninas e meninos morrem por esse motivo e outras 112 mil crianças são internadas em estado grave.
No Tocantins, segundo o DATASUS (Ministério da Saúde), em 2020 houve 1.448 casos de internações e 41 óbitos de crianças por causa de acidentes.
Além desses dados alarmantes, outra coisa que impressiona é saber que muitos desses acidentes acontecem dentro de casa, local que a princípio, as crianças devem ter liberdade para circular, explorar e se desenvolver de forma saudável e segura.
Estudos comprovam, e, a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP, destaca que 90% dos acidentes podem ser evitados com medidas simples de prevenção.
Diante disso, a seguir, você encontrará os acidentes mais comuns, orientações e os principais cuidados na prevenção em ambiente doméstico.
Queda – é atualmente a principal causa de internações. Porém, há alguns cuidados que você pode tomar para evitar esse tipo de acidente, são eles:
– Escadas, sacadas e lajes não são lugares para brincar. A dica é usar portões de segurança no topo e na base das escadas e do corrimão. Caso a escada seja aberta, instale redes de proteção ao longo dela.
– Cuidado com pisos escorregadios e coloque antiderrapante nos tapetes.
– Mantenha camas, armários e outros móveis longe das janelas, pois podem facilitar que crianças os escalem e se debrucem para fora do prédio ou casa.
– Instale grades ou redes de proteção nas janelas, sacadas e mezaninos. Os espaços das redes e grades devem ser de no máximo 6 cm.
– Crianças com menos de seis anos não devem dormir em beliches. Se não tiver escolha, coloque grades de proteção nas laterais.
Queimadura – a cozinha é um dos locais em que ocorrem vários acidentes, inclusive queimaduras. Assim, tenha consciência de que a prevenção é importante não somente por causa do ferimento, mas principalmente por causa da capacidade de provocar sequelas funcionais, estéticas e psicológicas.
Também há outras formas de queimadura ocasionadas não necessariamente na cozinha, são elas:
– Eletricidade – tudo que utilizar eletricidade em sua casa deve ser um sinal de precaução, pois pode causar acidentes com qualquer morador, principalmente com crianças.
– Inflamáveis – comuns em todas as residências, desde produtos líquidos e certos objetos que usamos todos os dias podem ocasionar acidentes se não forem guardados corretamente em locais altos e trancados, longe do alcance das crianças. É o caso dos fósforos, isqueiros, velas.
Sufocamentos – crianças menores de quatro anos têm a tendência natural de colocar tudo o que veem na boca. É dessa forma que ela descobre o mundo que a rodeia. Contudo, nessa fase de desenvolvimento elas estão particularmente mais vulneráveis a sufocação e engasgo, pois suas vias aéreas são pequenas. Por causa disso há casos de engasgo por alimentos e brinquedos, no momento de dormir e enforcamento com cordões e tiras.
Intoxicação – toda casa ou apartamento tem aquele cantinho em que guardamos produtos de limpeza, inseticidas, produtos para reformas, entre outras coisas. Uma informação importante que você precisa saber é que a intoxicação ou envenenamento é a quinta maior causa de internação por motivos acidentais.
Portanto, guarde todos os produtos de higiene e limpeza, venenos e medicamentos trancados em lugar alto e fora do alcance das crianças. Não podemos esquecer também dos remédios. Todo cuidado é pouco quando se trata de medicamentos e crianças.
Afogamentos – crianças ficam entusiasmadas com as brincadeiras na água, e isso é normal. No entanto, é preciso ficar atento, pois no Brasil os afogamentos são a segunda maior causa de morte e a sétima de hospitalização por motivos acidentais entre crianças.
Nunca deixe crianças sozinhas dentro ou próximas da água, nem por um segundo! Nessas situações, um adulto deve estar supervisionando-as de forma ativa o tempo todo.
Acidentes com armas de fogo – crianças são curiosas, não é mesmo? E muitas vezes pais e responsáveis possuem percepções erradas sobre a capacidade de julgamento e habilidade delas.
Muitas pessoas não sabem, mas crianças de três anos de idade já são fortes o suficiente para puxar o gatilho de muitos revólveres. A maioria dos casos relacionados a disparos acidentais envolvendo crianças e armas de fogo acontecem porque as armas não estavam guardadas devidamente descarregadas e em locais trancados.
De preferência, não tenha armas. Desarme-se! Mas, se no seu caso, a sua profissão exige esse tipo de equipamento e você possui uma arma, entenda o risco que está correndo e informe-se sobre as medidas de segurança necessárias para evitar problemas sérios.
Siga as orientações para prevenir que crianças se machuquem.
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Dr. André Pansutti
Pediatra e Membro da Diretoria da STOP
CRM-TO 3569 | RQE 1582